Marcílio Moraes comemora três décadas de carreira, apostando no declínio do produto telenovelas
O autor Marcílio Moraes comemora 30 anos TV com a carreira recheada de grandes sucessos. Ele começou como colaborador de Dias Gomes, em Roque Santeiro (1985), novela proibida em 1975, pela Censura do Regime Militar, repaginada dez anos depois. “Em termos artísticos, deu tudo muito certo. Não era só na audiência, a repercussão era extraordinária. Tinha gente, até dentro da Globo, que dizia que a novela não ia fazer sucesso. Era muito divertido escrever. Eu tive espaço para criar umas tramas. Acredito que comecei bem”, conta.
Política e Ironia
Outro grande sucesso do novelista foi Sonho Meu, de 1993. Já Mico Preto (1990), não foi bem recebida. “Administrar a novela, às vezes, é mais difícil do que escrever. Quando surge problemas, fica infernal”, confessa. Em 2002, ele deixou a Globo para se enveredar em outras experiências. Na Record, a partir de 2005, escreveu três novelas, a última, Ribeirão do Tempo (2010), tinha um tom político muito forte na história. “Gosto muito da questão política. Quando jovem, era militante, é um negócio que me atrai. E também gosto da ironia. A ironia é perigoso, como um alçapão que cai todo mundo dentro”, afirma.
Série x Novela
Marcílio confessa que prefere escrever séries e questiona o futuro da telenovela. “Série é mais moderno, é um formato que hoje em dia está mais em voga. A novela não será dominante como tem sido hoje”, acredita. O autor já escreveu duas séries, mas que ficaram só na primeira temporada (A Lei e o Crime e Fora de Controle). Já para Plano Alto, o autor está terminando de roteirizar a segunda temporada. “Escrever série é mais difícil. O seriado é uma dramaturgia mais exigente. É menor, mas é mais concentrada. A gente precisa desenvolver mais séries”, finaliza.