‘Não sou o tipo de autor que planeja a novela. Faço um capítulo por dia, de acordo com o que a minha emoção vai ditando!’, diz o autor
Usando toda a sua versatilidade como escritor, Walcyr Carrasco lança sua segunda novela das 9. Com O Outro Lado do Paraíso, o autor põe em discussão a lei do retorno, que parte da ideia de que as pessoas colhem tudo aquilo que plantam. A trama trará temas polêmicos para a telinha. Assunto nunca tratado antes na teledramaturgia: as dificuldades das pessoas anãs serão postas à prova pela personagem Estela (Juliana Caldas), que também sofrerá preconceitos de sua mãe, Sophia (Marieta Severo). “A grande amiga de minha mãe tinha uma sobrinha que era anã. Eu acompanhei a vida dessa menina e comecei a pensar como é difícil ser anão, porque eles não conseguem usar nem o banheiro público, por exemplo”, afirma Walcyr, que também destaca a violência contra a mulher como o conflito principal da protagonista, Clara (Bianca Bin). “Esse assunto me toca profundamente. Estudei a questão para saber todas as fases da violência, até o homem conseguir exercer o poder sobre a mulher, a ponto de ela deixar que o homem a destrua”, conta.
RASTRO DO SUCESSO
O autor revela que o enredo surgiu durante uma viagem para a região do Jalapão (TO), no ano passado. Ele conheceu histórias de mulheres da região. Além da energia que captou do local, Walcyr avisa que a principal ferramenta que motiva seu texto é a emoção. “Não sou o tipo de autor que planeja a novela. Faço um capítulo por dia, de acordo com o que a minha emoção vai ditando. Eu meio que incorporo os personagens, e sigo o fluxo das ideias”, afirma o paulista. Engana-se quem pensa que Walcyr se preocupa em seguir o rastro do sucesso de A Força do Querer: “Estou narrando a história que quero contar com todo amor e emoção. E tenho que olhar pra minha trama com o coração aberto e acreditar no que estou contando. Assim como a Gloria Perez, que tem uma antena fantástica pra captar e perceber as emoções do mundo, eu também luto para perceber o sentimento das pessoas e os assuntos que mais me tocam”, relata.
NOVO PÚBLICO
Aos 65 anos, Walcyr faz questão de estar presente em suas redes sociais. Apesar disso, ele não liga se a novela vai ter repercussão positiva também na internet. “Um autor não pode escrever pensando em números. Ele tem que deixar fluir a emoção e fazer a história andar, senão, que vá trabalhar com marketing”, brinca. “Eu toco o público ou não toco. Um dia, talvez, eu pare de emocionar o telespectador, porque estou envelhecendo e são outras gerações que estão vindo”, conclui.