Com o novo álbum ’33’, a cantora afirma que transitar entre estilos musicais é a sua marca registrada
A palavra mudança não assusta Wanessa Camargo. A artista prova isso com o CD 33, seu retorno ao mundo do sertanejo, depois de uma carreira no pop, com hits internacionais, e um hiato de mais de cinco anos sem lançar um novo trabalho. Neste meio tempo, a goiana teve dois filhos com o marido, o empresário Marcus Buaiz: José Marcus, de 5 anos, e João Francisco, que completará 3 anos em junho.
Foi após o nascimento do caçula que Wanessa começou a pensar no novo trabalho. “Desde 2005 eu não compunha, mas quando decidi, foi como abrir a caixa de Pandora: escrevi três canções em um mesmo dia”, lembra. “Como sou melodista, vi que a pegada das letras estava mais folk, mais country, como o que fiz no começo da carreira. E vieram para mim essas coisas mais românticas, mais sofrência”, explica a cantora, que lançou seu primeiro disco aos 18 anos e estourou com o hit O Amor Não Deixa.
Novo tempo
Mas a filha de Zezé Di Camargo e Zilu Camargo garante que a transição entre o pop e o sertanejo é algo natural, já que sofreu influências de ambos os estilos musicais: “Cresci vendo meu pai fazendo o show Amigos e ouvindo também Madonna e Michael Jackson. Sempre busquei misturar estes ritmos”. Em 33, Wanessa investe em temas pertinentes às mulheres de sua faixa etária, que são modernas e independentes. Segundo ela, muitos homens usam a dependência financeira como forma de controlar suas companheiras e, por isso, o movimento de empoderamento feminino ajuda a quebrar estas amarras. “Já cansei de ver relações em que a mulher se submete a algumas situações humilhates porque é sustentada pelo marido. Deus me livre viver isso! O Marcus, graças a Deus, não é assim. É muito gostoso poder colocar nas letras essa verdade”, conta.
Momento oportuno
Muitas canções de 33 falam sobre a figura feminina em uma posição de poder dentro da relação, além de abordar temas como traição e a volta por cima. “Quando comecei, cantava o primeiro amor. Acreditava em príncipe encantado, queria falar das amigas, das baladas, sensualizar… Obviamente, hoje, não sou expert em relacionamento, mas tenho mais maturidade e segurança para falar de outros temas. E não só da maternidade, mas dos conceitos gerais da vida”, pondera.
Em sua volta ao sertanejo, Wanessa encontra uma fase pra lá de favorável para as mulheres. O fenômeno “feminejo”, como tem sido chamado, agrada demais a cantora, que sempre se viu cercada de referências masculinas. “Eu fazia shows de rádio, que convocam quem estava fazendo mais sucesso naquele momento. Era sempre eu e mais umas quatro mulheres. Os outros artistas eram duplas sertanejas, bandas de rock, de pagode… Sempre muitos homens. O sertanejo abraçou as mulheres e estamos marcando espaço nas festas. Isso é muito importante”, vibra a gata, de 34 anos, que recentemente se apresentou ao lado de Maiara & Maraísa, na Festa das Patroas, em Minas Gerais.
Mão na massa
Com o novo trabalho lançado, é a hora de investir nos clipes, shows e na gravação de um DVD. “A gente quer gravar, mas depende de como as músicas vão funcionar nas rádios…”, disfarça ela, que também sonha com um CD só com músicas de seu pai e planeja um projeto só com as canções “lado B” do sertanejo. Ou seja: aquelas que não viraram hits. “Eu falei para ele: ‘pai, você mandou um monte de música para a Paula Fernandes e, para mim, nada!!! Manda três para ela e uma para mim’. Não é?”, brinca Wanessa, cuja principal preocupação é manter a unidade de sua carreira: “Quero cantar cada palavra com verdade, até porque vou fazer isso a vida inteira. Não importa o ritmo. E se eu não acreditar nesse legado, não vou me suportar: vou ficar chata e infeliz!”