Após interpretar o poderoso faraó Seti I, em Os Dez Mandamentos, ele enaltece a produção e reflete sobre os caminhos da profissão de ator
Dar vida a toda a grandeza do faraó Seti I, em Os Dez
Mandamentos, marcou a carreira de Zécarlos Machado. Aos 65 anos, o ator fez seu
primeiro papel na Rede Record e aprovou a produção cinematográfica da novela e
seu personagem. “Interpretar Seti foi exigente e estimulante”, define o
paulista, que, agora, olha para o futuro com seus novos projetos e muito
aprendizado.
DO OUTRO LADO
Após se despedir de Os Dez Mandamentos, Zécarlos vive uma
experiência nova: é um telespectador. Estar do outro lado pode ser
interessante, como define: “Às vezes encantado, surpreso, crítico, emocionado;
mas, no caso, orgulhoso da obra que estamos realizando.”
ENTREGA TOTAL
O ator acredita que cada papel exige um trabalho de
preparação especial. “É preciso disponibilizar coração, mente e corpo para as
investigações, as descobertas e as surpresas”, como foi na pele do Anselmo, de
A Casa das Sete Mulheres (2003), trabalho que lhe rendeu uma indicação ao
Prêmio Contigo! de TV.
SUCESSO NA TELINHA
Acostumado a trabalhar em séries, Zécarlos testemunhou, recentemente,
a grande aprovação do público para Sessão de Terapia, do canal a cabo GNT. No
papel do psicanalista Theo, o ator lidava com os complexos e crises da mente
humana, enquanto tentava trabalhar com seus próprios fantasmas. Ele lembra que
o modelo da produção causava desconfiança, mas mostrou ao que veio: “Muitos não
tinham fé que haveria público assistindo duas pessoas sentadas conversando. E a
repercussão foi enorme”. Questionado sobre a estrutura ágil dos seriados, ele acredita
que não é preciso aplicar tal modelo às novelas, já que Os Dez Mandamentos
também faz muito sucesso: “Não acredito no perfil do público. Acredito no ser
humano. E é a dramaturgia e a qualidade das realizações que precisam melhorar o
perfil.”
LEVEZA CÔMICA
Íntimo dos palcos, o ator revela que gostaria de ter atuado
ao lado de Rubens Corrêa, já falecido, que ele acompanhou no teatro. “Há um
pensamento que me lembra o Rubens: ‘Um ator tem
os pés cravado no chão, o coração na humanidade, um punhal na mão e os
olhos voltados para as estrelas’. Um dia estaremos juntos no palco celestial”,
aposta. Geralmente sério nos papéis, ele revela que tem um quê de palhaço. “Com
a dor e a delícia de ser um. Há um mestre oriental que diz que a vida é uma
gargalhada cósmica”, declama.
MUITO TRABALHO
Depois da novela, o ator tem planos para teatro e cinema.
Está filmando A Espera de Liz, de Bruno Torres. Depois, inicia a turnê do
monólogo Retratos Falantes, enquanto ensaia a peça Gata em Telhado de Zinco
Quente. Sobre o que aprendeu em 30 anos de profissão, Zécarlos afirma: “Não sei
nada. Não sou nada. Não pretendo ser nada. À parte disso, tenho em mim todos os
sonhos do mundo. Assim disse o poeta
Fernando Pessoa. E trabalho na pretensão de servir!”