Aos 75 anos de vida e 58 de carreira, a atriz paraibana que é a dama do teatro nordestino comemora a participação em sua primeira novela: ‘É uma experiência incrível!’
Considerada a grande dama do teatro nordestino, Zezita Matos debutou em novelas em grande estilo. Em Velho Chico, a paraibana encarna a destemida Piedade, a matriarca da família Dos Anjos e um dos grandes destaques da trama de Benedito Ruy Barbosa e Bruno Luperi. Com 58 anos de carreira, a atriz tem o teatro como base e coleciona alguns filmes no currículo, como Céu de Suely (2006) e Mãe e Filha (2012). Pelo longa A História da Eternidade (2014), Zezita foi eleita a melhor atriz no 6º Festival de Paulínia. Com tanta experiência, Zezita ensina aos novos artistas a teoria e a prática da vocação. Ela concilia a novela com a coordenação de projetos na área de educação e arte em João Pessoa (PB). “Busco ensinar o ator a viver a experiência do momento, escutar o que o colega está falando, e que se emocione”, afirma a atriz de 75 anos.
Está curtindo fazer novela?
É uma energia nova nos meus 58 anos de carreira no teatro e cinema. Depois de tantas peças e longas-metragens importantes na minha história, agora, estou fazendo novela. É uma experiência incrível. As oficinas que o Luiz Fernando (Carvalho, diretor artístico) ofereceu para os atores no início da novela foram muito estimulantes. Piedade é o modelo de mulher universal, o suprassumo de uma mulher forte, que, mesmo analfabeta, tem um pensamento e visão do mundo espetacular.
Como é interpretar uma mulher forte nos tempos atuais?
Estamos em uma época de rever padrões machistas. Piedade, na simplicidade, na calma dela, que é ao contrário meu, vem e diz muita coisa linda que precisamos ouvir. É de uma visão de vida e mundo que me agrada e que faz confronto com o poder. Piedade é mais um presente pra mim.
E a vida no Rio?
Estou vivendo na ponte área, porque trabalho em um centro universitário, em João Pessoa. Coordeno a implantação de um projeto de responsabilidade cultural, com teatro e música lá. Tenho preferido ir e vir ao Rio por conta disso. Além disso, sou ouvidora no centro universitário.
Como concilia essas atividades?
Tenho conseguido conciliar tudo isso. Estou entusiasmada com a responsabilidade cultural e com Velho Chico. Mas novela toma muito tempo. Vou para o Nordeste nos fins de semana, fico até segunda pela manhã e, à tarde, volto para o Rio para gravar.
O que você acha de quem busca a fama e não a interpretação?
É uma polêmica que está sendo discutida agora. Não existe uma grande diferença entre ator e não ator, no sentido do ser humano. O ator tem que aprender a ser não ator também. Busco ensinar a viver a experiência do momento, escutar o que o colega fala, e que se emocione, sem buscar a glória, e sim viver.