Sempre muito discreto em todas as suas aparições, Mano Brown deu uma rara entrevista nesta semana. Eleito “Ícone do Ano”, o rapper conversou com a revista GQ Brasil e abriu o coração. Porém, ele manteve a postura já conhecida por todos nós e mandou forte recado para os críticos. Questionado se mudou seu comportamento, o artista disse que sim, mas negou que tenha se vendido para o sistema.
“Não sou o Brown de trinta anos atrás. Carta de alforria foi assinada em 1888. E não vem apontar o dedo dizendo que me vendi para o sistema. Para com isso, pelo amor de Deus. Me vendi para quem?“, disparou Mano Brown ao responder as críticas de que não é mais o mesmo rapper de anos atrás.
“O nosso maior prêmio é colocar os pretos para estudar. Essa é a luta dos Racionais, do Sabotage, do Facção Central, do MV Bill, do Dexter, do RZO, do Djonga, do Emicida e de tantos outros. O nosso maior prêmio; o resto é disfarce e teatro. Roupa da Louis Vuitton, Gucci, isso vira entretenimento, mas não a finalidade. Precisamos colocar o nosso povo no caminho do conhecimento, porque essa é a riqueza que vai libertar“.
COMO É SER MANO BROWN?
“Há muita crítica também. Dizem que ganhei o prêmio de ‘honoris causa’ como um favor do Lula por apoiá-lo na eleição. Recebo críticas de evangélicos, bolsonaristas e até mesmo amigos que envelheceram e acabaram caretas. Mas é isso, as pessoas mudam. Eu também mudei, porque se continuasse com o pensamento de quando tinha 20 anos não teria chegado nem aos 30, muito menos aos 53“, explicou.
“Eu não tinha cabeça para ser nada, e não falo isso por falsa modéstia. Vejo muitos dos nossos vivendo a mesma situação e a sociedade os enxerga como preguiçosos. Eu fui esse cara sem luz nenhuma. Um menino bom assediado pelo mal. Continuarei sendo o mesmo cara. E talvez o mesmo cara não seja o doutor que as pessoas esperam“, concluiu o astro Mano Brown.