A cena musical australiana perdeu uma de suas figuras mais influentes com a morte de Ian ‘Ollie’ Olsen, aos 66 anos. Pioneiro da música pós-punk e música eletrônica experimental, Olsen deixou uma marca indelével na história da música. Ele faleceu pacificamente no Hospital Royal Melbourne, ao lado de sua esposa Jayne, após uma longa batalha contra a Atrofia de Múltiplos Sistemas (MSA), uma rara doença neurológica que afetava sua saúde desde 2019.
A Luta de Ollie Olsen Contra a Doença
Ollie Olsen lutou bravamente contra a Atrofia de Múltiplos Sistemas, uma condição degenerativa que afeta o sistema nervoso central. Desde o surgimento dos primeiros sintomas em 2019, Olsen passou por um declínio gradual em sua saúde, com complicações que incluíam problemas cardíacos e disfagia, uma condição que impede a deglutição e exige cuidados hospitalares em tempo integral.
Pioneiro da Música Pós-Punk na Austrália
Ollie Olsen foi uma figura central na cena pós-punk australiana durante os anos 70 e 80. Ele foi o cérebro por trás de bandas icônicas como The Young Charlatans e Whirlywirld, ambas pioneiras no uso de sintetizadores e sons experimentais, que influenciaram profundamente a música underground da época. Olsen abandonou a guitarra para explorar novos horizontes sonoros com o uso de sintetizadores, abrindo caminho para a fusão entre o punk e a música eletrônica.
Colaborações com Figuras Icônicas
Entre suas colaborações mais memoráveis está a parceria com o vocalista do INXS, Michael Hutchence, no projeto Max Q. Essa colaboração resultou no álbum homônimo de 1989, que atingiu status de ouro na Austrália, impulsionado pelos sucessos “Way of the World” e “Sometimes”. A amizade de Olsen com Hutchence foi profunda, e ele falou sobre a dor de perder o amigo, que faleceu em 1997.
O Sucesso de “Rooms For The Memory”
Outra marca deixada por Olsen foi a composição de “Rooms For The Memory”, um raro single solo de Michael Hutchence que se tornou um dos maiores sucessos na Austrália em 1987, alcançando o Top 10 das paradas. A faixa foi regravada recentemente por Adalita, Andrew Duffield e Mick Harvey para angariar fundos para o tratamento médico de Olsen, uma homenagem à sua contribuição duradoura para a música.
A Expansão para a Música Eletrônica
Na década de 1990, Olsen mergulhou profundamente no mundo da música eletrônica e da trance. Ele cofundou a gravadora eletrônica Psy-Harmonics em 1993, um dos selos mais importantes da música trance na Austrália. Além disso, ele foi um dos primeiros a adotar a internet como ferramenta de divulgação musical, organizando eventos como o clube Psychic Harmony no Dream (agora Illusion), um local famoso por ser frequentado por Julian Assange.
O Nascimento de Ecco Homo e a Inovação Constante
No início dos anos 90, Olsen formou o grupo Ecco Homo ao lado do vocalista Troy Davies, uma banda conhecida por suas colaborações inusitadas com figuras como Bono e The Edge, da banda U2, na faixa de dança experimental “New York, New York”. Apesar de Ecco Homo ter lançado apenas dois singles, a banda deixou uma marca significativa na cena eletrônica.
Professor e Compositor
Além de seu trabalho como músico e produtor, Ollie Olsen se destacou como professor de música eletrônica, ministrando cursos em várias universidades. Ele também trabalhou como designer de som e compositor de trilhas sonoras para filmes e televisão, consolidando sua versatilidade artística.
Taipan Tiger Girls e o Som Experimental
O espírito experimental de Olsen continuou até seus últimos anos. Em 2014, ele formou a banda Taipan Tiger Girls, conhecida por suas performances ao vivo intensas e som drone. O grupo foi mais uma prova da habilidade de Olsen em evoluir com o tempo, mantendo-se relevante em cada nova década de sua carreira.
Uma Trajetória Inovadora e Sem Medo
Em uma entrevista à Double J em 2021, Olsen descreveu sua trajetória musical como “estranha” e cheia de surpresas. Ele não tinha medo de aceitar novos desafios e experimentar diferentes gêneros musicais. Ao longo de sua carreira, trabalhou em projetos que iam desde óperas até orquestras, destacando-se como um verdadeiro visionário na cena musical.
Indução ao Hall da Fama da Música Victoria
A contribuição monumental de Ollie Olsen para a música australiana será reconhecida com sua indução póstuma ao Hall da Fama da Música Victoria, que ocorrerá durante o prêmio anual da associação em outubro. Segundo a CEO da Music Victoria, Simone Schinkel, Olsen era “a escolha óbvia” para o Hall da Fama, devido à sua influência duradoura em gerações de músicos.
Campanha de Apoio e Legado
Antes de sua morte, uma campanha foi organizada pela organização Support Act para levantar fundos destinados aos cuidados médicos de Olsen. A campanha buscava arrecadar US$ 35 mil para cobrir os custos de seu tratamento hospitalar. Sua família agora agradece o apoio recebido e informa que a campanha continuará, desta vez para ajudar com os custos de seu funeral.
A Comunidade em Luto
A morte de Ollie Olsen foi um golpe duro para a comunidade musical australiana. Amigos, fãs e colegas de longa data lamentam a perda de uma mente criativa que desafiou as normas musicais e influenciou profundamente a música underground e eletrônica. Sua disposição para experimentar novos sons e técnicas o consolidou como uma figura essencial no desenvolvimento da música pós-punk e eletrônica na Austrália.
Impacto Duradouro na Música Australiana
Ollie Olsen será lembrado não apenas por sua habilidade técnica e criatividade, mas também por sua atitude ousada e sem medo de inovar. Ele abriu caminho para gerações futuras de músicos e continua a influenciar a música experimental, tanto na Austrália quanto internacionalmente. Sua abordagem visionária e a fusão de pós-punk com música eletrônica criaram um legado que permanecerá vivo por muitos anos.
Resumo para quem está com pressa:
- Ollie Olsen, figura central da música pós-punk e eletrônica australiana, faleceu aos 66 anos.
- Olsen foi pioneiro em bandas como The Young Charlatans e Whirlywirld, influenciando profundamente a música experimental.
- Ele colaborou com Michael Hutchence, do INXS, no projeto Max Q e no hit solo “Rooms For The Memory”.
- Nos anos 90, cofundou a gravadora Psy-Harmonics, tornando-se uma figura chave na trance e música eletrônica.
- Olsen será induzido ao Hall da Fama da Música Victoria como reconhecimento por sua contribuição ao cenário musical.
- Sua família agradece o apoio do público e fãs podem continuar a ajudar com os custos do funeral via Support Act.