Novo CD de Marcos Kleine e sua banda
O trabalho ‘Estranho Mundo Novo’ é o 2º single da banda PAD. A música foi inspirada no livro ‘Admirável Mundo Novo’, de Aldous Huxley, que tambem já virou filme de ficção na década de ’80.
O livro que serviu de inspiração pra música foi publicado pelo escritor britânico em 1932 e é um clássico da ficção científica. O livro monta um retrato futurista, com doses de pessimismo que era o sentimento que dominava os pensamentos da época. Não podia ser diferente, o mundo vivia a expansão do nazismo na Alemanha, do fascismo na Itália, e outros regimes totalitários e cruéis. Só restava aos artistas alertar a sociedade do perigo que aproximava, e o livro acertou na mosca, poucos anos depois explodiria a 2a guerra mundial.
O livro ‘Admirável Mundo Novo’ fala de uma sociedade controlada pelo governo, onde a arte só existe para legitimar os ditatores.
Hoje, 85 anos depois, podemos dizer que a profecia de Huxley se confirmou parcialmente, em lugares como a Coreia do Norte, Venezuela e outras ditaduras árabes e africanas, o cenário é exatamente como o escritor previu, talvez pior.
Mas vamos falar de Música!
Hitler usou e abusou do fato de que a Filarmônica de Berlim era a melhor orquestra do planeta na década de 1930. Mas hoje a música se tornou muito mais uma forma de legitimar discursos egocêntricos e posições políticas, não exatamente de legitimar governos corruptos [apesar de que alguns artistas usem sua influência apara defender políticos bandidos e até mesmos políticos bandidos que já estão condenados e presos].
Nesse mundo estranho em que vivemos, a música se tornou em muitos casos simplesmente um veículo para as celebridades exercerem a sua fama.
Muitos artistas e bandas aparecem e desaparecem com velocidade-relâmpago, justamente porque a maioria não tem uma base musical sólida. O que vale é a imagem, a maneira como o artista se vende. Nesse sentido Aldous Huxley acertou: em vez de governos, o artista quer legitimar sua própria – e egocêntrica – existência.
Por tudo isso é uma bela surpresa ver ganhar destaque no Brasil uma banda que está mais preocupada com a música do que com outra coisa. Parece óbvio, mas basta ver os artistas que fazem sucesso em plataformas de streaming ou redes sociais para saber que não é tão óbvio assim. Ninguém está preocupado em fazer música boa. A maioria quer apenas ser famoso.
O PAD quer fazer música boa
É uma banda que tem não apenas grandes músicos, mas artistas com a coragem necessária para desafiar o mercado e fazer um som que andava meio esquecido por aqui: rock de verdade. Sim, saber tocar um instrumento é uma qualidade incrível. Mas quem vai perder tempo com isso, numa sociedade em que tudo passa tão rápido?
No livro de Aldous Huxley, bastava uma pílula de ‘SOMA’ para se chegar à felicidade. Será que não tem algo assim na música? Uma pílula que você toma e sai tocando guitarra como Jimi Hendrix?
Não. Felizmente. Para tocar, ainda é preciso aprender um instrumento. Passar horas repetindo os mesmos acordes e escalas. Se dedicar, ensaiar muito. “Peraí, mas hoje em dia todo mundo faz dublagem ao vivo.” Bem, nem todo mundo.
O PAD está lançando seu segundo single, ‘Estranho Mundo Novo’, com letras inspirada no livro de Aldous Huxley, além de um clipe muito bacana dirigido pelo Eduardo Galeno. E o melhor é que dá para ver tudo isso ao vivo: o PAD armou uma festa para comemorar o lançamento. A banda só tem feras: Fábio Noogh (vocal), Marcos Kleine e Leandro Pit (guitarras), Will Oliveira (baixo), Rodrigo Simão (teclado) eThiago Biasoli (bateria).
Quem conhece o meio musical sabe que esses músicos têm carreiras consolidadas, como Noogh, que já cantou com grandes nomes da música brasileira, e Marcos Kleine, guitarrista do Ultraje a Rigor e do programa do SBT ‘The Noite’, apresentado por Danilo Gentili. Por que se juntaram para formar o PAD? Porque com a banda eles têm a liberdade para compor e tocar o que vier à cabeça. Nesse caso, um rock direto, com vocais rasgados e potentes, além de guitarras no volume 20.
A letra de ‘Estranho Mundo Novo’ é uma crítica ao momento em que a gente vive: “Que estranho mundo novo / Esse que a gente vive / Cada vez mais julgamento / Cada vez mais sem limite”. Em outro trecho, levanta questões que fazem parte do nosso dia a dia: “Quem quer pagar pra ver? / Quem se importa? / Ou quem quer viver, sobreviver? / Nesse estranho mundo?
O clipe de ‘Estranho Mundo Novo’ foi dirigido por Eduardo Galeno, com direção de fotografia de Angelo Pastorello.
É isso! Música boa e nova! Temos uma chance de sair das mesmice de artistas egocêntricos e que só fazem mais do mesmo, vamos ouvir um pouco de PAD.
(Adaptado de texto do jornalista, escritor e músico Felipe Machado)