As mulheres adotam condutas delituosas por razões muitas vezes surpreendentes, e reduzir esses motivos a meras questões passionais seria simplista e injusto. Nos anos 1920, um amor clandestino que culmina em morte inspirou o compositor americano John Kander a criar “Chicago“, uma sátira que ainda hoje reflete aspectos da sociedade contemporânea. A peça estreou em 1975 e, desde então, não parou de encantar o público, sendo revivida com sucesso na Broadway em 1996 e continuando a ser encenada pelo mundo. Em 2002, Rob Marshall levou a mágica de “Chicago” para o cinema, firmando-se como um dos grandes diretores de Hollywood e reacendendo o interesse por narrativas musicais.
Marshall também deu nova vida a “Moulin Rouge – Amor em Vermelho” em 2001, e há uma clara conexão entre os dois filmes. “Chicago” apresenta Roxie Hart, uma loira angelical que mata o amante e convence o marido a defendê-la, e Velma Kelly, uma morena com tendências homicidas que resolve problemas familiares de sua maneira. Billy Flynn é o advogado mais astuto da cidade, capaz de defender qualquer um por um preço. O roteiro, escrito por Fred Ebb, baseado em notas de Bob Fosse e com a contribuição de Bill Condon e Maurine Dallas Watkins, realça o lado sombrio da trama com a fotografia de Dion Beebe, destacando o vermelho e o preto. Renée Zellweger, Catherine Zeta-Jones e Richard Gere incorporam a decadência da América pré-Crise de 1929, uma era em que a fama abria portas. Marshall revive o espírito da época, explorando a romantização da vida de criminosos, a ridicularização da polícia e o quarto poder nas mãos daqueles que controlavam a lei. Queen Latifah interpreta Mama, uma presidiária que exige afeto em troca de proteção para Roxie e Velma, completando a narrativa com maestria. Tudo isso ao som de jazz envolvente.