Depois de meses embalados pelo lirismo de Sol Nascente, toda a aventura e bom humor apresentado por Novo Mundo foi recebido como um bálsamo.
Depois de meses embalados pelo lirismo de Sol Nascente, toda a aventura e bom humor apresentado por Novo Mundo foi recebido como um bálsamo. Com uma reconstituição de época linda, figurinos e caracterização hollywoodianos, a nova trama das 6 tem personagens muito carismáticos e fáceis de caírem no gosto popular. Como o mulherengo Dom Pedro (Caio Castro) e o romântico Joaquim (Chay Suede). E os dois atores estão ótimos. Entre as mulheres, Anna (Isabelle Drummond) é mais mais complicada, por carregar sempre uma eterna melancolia na alma. Mas Isabelle tira o desafio de letra, com uma interpretação sensível. Já a nobre austríaca, Leopoldina (Letícia Colin), é o aposto: a leveza em forma de mulher. Letícia empresta a ela uma peraltice muito gostosa, valorizando cada segundo de seu primeiro papel central em uma novela.
Debutando como autores titulares, Thereza Falcão e Alessandro Marson criaram uma trama inteligente, leve, com diálogos rápidos e muito bem elaborados. E conseguiram em Vinícius Coimbra o parceiro perfeito para a empreitada, já que ele bebe nitidamente no cinema como fonte inspiração para o seu trabalho. Todas as cenas da novela são dirigidas com maestria. A luta entre os soldados da princesa e os piratas liderados por Fred Sem Alma (Leopoldo Pacheco, excelente) foi primorosa. Joaquim mostrou toda a perícia de um herói à moda antiga e Anna botou a mão na massa – ou melhor, na espada – revelando ser uma heroína das boas e não apenas a mocinha sofredora!
Na internet muita gente correlacionou essa sequência à cine-série Piratas do Caribe (2003/2017). O que faz todo o sentido. Mas, a mim, remeteu aos filmes de capa e espada que eu assistia na Sessão da Tarde, quando criança. Obras-primas comoCapitão Blood (1935), O Gavião do Mar (1940), Falcão dos Mares (1951),Scaramouche (1952) e Ivanhoé, o Vingador do Rei (1952), entre outros. Bom demais!
Já do lado cômico do enredo, Ingrid Guimarães desfila o talento de sempre, como a picareta Elvira. Mas a grande surpresa e minha personagem favorita é Germana, vivida sem pudores por Vivianne Pasmanter! Versátil, a atriz já fez humor antes, é claro, mas nunca nada tão divertido quanto Germana. Muito próxima de uma caricatura, a dona da estalagem ganha dinamismo e humanidade na atuação brilhante de Vivianne.
Precisam ser mencionados também os desempenhos perfeitos de Gabriel Braga Nunes (Thomas), Débora Olivieri (Carlota Joaquina), Léo Jayme (Dom João XVI), Guilherme Piva (Licurgo), Jonas Bloch (Wolfgang) e Roberto Cordovani (Sebastião Quirino). Vários outros atores ainda entrarão em cena no decorrer das próximas semanas e todos serão muito bem-vindos.
Não vou me queixar do excesso de sotaques – todos desnecessários – porque acho que já me acostumei com eles. E também seria um detalhe insignificante perto de um conjunto executado com tanto capricho. Já deu para perceber que eu estou bem apegado a Novo Mundo, não é mesmo?