O Instituto Butantan, responsável pela vacina CoronaVac junto com a farmacêutica chinesa Sinovac, encaminhou hoje (18) um novo pedido de uso emergencial da vacina para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Dessa vez, o pedido solicitado é para 4,8 milhões de doses.
Ontem (17), a Anvisa aprovou, por unanimidade, o pedido de uso emergencial para 6 milhões de doses da CoronaVac que já estão prontas para aplicação. Dessas 6 milhões de doses, São Paulo encaminhou 4,6 milhões delas ao Ministério da Saúde e segurou 1,4 milhões de doses para a vacinação no estado paulista. Ontem, logo após a aprovação da Anvisa, o estado de São Paulo já deu início ao processo de vacinação. A primeira vacinada foi Mônica Calazans, 54 anos, enfermeira que já participava dos testes da vacina no Brasil, mas que havia tomado placebo (uma substância inócua).
Pelo acordo assinado com a Sinovac, o Instituto Butantan vai receber 46 milhões de doses da vacina até abril. Atualmente, o estado recebeu 10,8 milhões de doses, sendo que 6 milhões delas já foram aprovadas pela Anvisa para o início da vacinação emergencial.
“A autorização para o uso emergencial que a Anvisa concedeu ontem era exclusivamente válida para o lote de 6 milhões de doses da vacina, todos elas já distribuídas ao Ministério da Saúde. Estamos seguros que essa nova análise será feita com o mesmo critério, o mesmo cuidado e a mesma agilidade com que ontem liberaram a vacina do Butantan”, disse o governador de São Paulo, João Doria.
Segundo o Diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, o pedido de autorização do uso emergencial do segundo lote abrangerá um número ainda maior de doses. “A primeira partida é de 4 milhões e 800 mil já em disponibilidade na medida em que for feita essa segunda autorização. Uma vez aprovado, daí a produção do Butantan será feita de acordo com essa autorização, isto é, não haverá a necessidade de todo o lote ser requisitado (o pedido emergencial), podendo chegar a uma produção adicional de 35 milhões de doses”, explicou.
O governo paulista ainda aguarda pela chegada do restante das doses. Novas remessas de insumos para envase deverão chegar nas próximas semanas, aguardando apenas aval do governo da China para serem liberadas ao Brasil. Esses insumos, segundo Dimas Covas, são litros de vacina concentrada que, depois, no Brasil, serão transformadas em doses e frascos. “Mil litros [de insumo] dá origem a aproximadamente 1 milhão de doses”, explicou Covas.
Das 8,7 milhões de doses provenientes da China previstas em contrato para entrega até 31 de janeiro, 6 milhões já foram encaminhadas a São Paulo. As demais devem seguir até o final deste mês.
Pré-cadastro
Também ontem, o governo paulista criou o site Vacina Já, que pretende agilizar o atendimento nos locais de vacinação. Por meio desse site, todas as pessoas aptas a receber a vacina no estado de São Paulo podem fazer um pré-cadastro. Nesta primeira etapa de vacinação, o grupo prioritário é formado por profissionais de saúde e indígenas.
Segundo o governo paulista, o pré-cadastro não é um agendamento, mas vai garantir um atendimento mais rápido nos locais de vacinação e evitar a formação de aglomerações. Quem não conseguir fazer o pré-cadastro não precisa se preocupar, pois a vacinação também será feita sem ele.
Até as 21h de ontem, mais de 500 mil pessoas já haviam feito o pré-cadastro para a vacina.
Pior semana
Em entrevista coletiva hoje, o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, disse que o estado de São Paulo teve, na semana passada, a pior semana desde o início da pandemia, batendo recorde na média móvel diária de novos casos. A Agência Brasil já havia adiantado os dados ontem.
“Essa foi a pior semana epidemiológica da história da pandemia no estado de São Paulo”, disse Gorinchteyn.
Na segunda Semana Epidemiológica do ano, entre 10 e 16 de janeiro, o estado registrou 79.106 novos casos do novo coronavírus, média móvel de 11,3 mil casos por dia, aumento de 9% em relação à semana anterior. A média móvel é calculada somando-se o total de casos registrados durante a semana e dividindo-o pelo número de dias da semana.
Até então, a maior média móvel de casos havia sido registrada na 33ª Semana Epidemiológica do ano passado, entre 9 e 15 de agosto, quando o estado somou 10.828 casos por dia. Ou seja, o estado levou cinco meses, de março até agosto, para conseguir atingir o primeiro pico de casos. Depois de algumas semanas em queda, foram precisos apenas 45 dias para o estado voltar a ultrapassar o pico de casos. Isso indica que a transmissão da epidemia está ocorrendo de forma muito mais acelerada agora em São Paulo do que foi no ano passado.
Em relação às internações, o crescimento foi de 12%, com média móvel diária de 1.747 novas internações. Já em relação aos óbitos, o crescimento foi 7% em relação à semana anterior, com 227 novas mortes por dia.
Quando, no entanto, se faz uma comparação com a última semana de dezembro, ou seja, com três semanas atrás, o crescimento foi de 77% no número de casos, saltando de uma média móvel de 6.373 novos casos por dia para 11.300. Em relação aos óbitos, o crescimento foi de 59%, passando de 143 mortes por dia para 227. Quanto às internações, o aumento foi 28%, passando de 1.364 novas internações por dia registradas na última semana de dezembro para 1.747 na semana passada.
Hoje, a taxa de ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) do estado está em 69,1%, enquanto na Grande São Paulo ela está em 70,1%, com um total de 6.004 pessoas internadas em estado grave. O estado está perto de atingir 50 mil mortes por covid-19. Até este momento, o estado registra 1.628.272 casos confirmados da doença, com 49.987 mortes.
Procurada pela Agência Brasil, a Anvisa confirmou ter recebido hoje um segundo pedido de uso emergencial enviado pelo Instituto Butantan e que o pedido está em análise para checagem de documentos.
(Agência Brasil)