Como segundo filho do Rei Viserys I (Paddy Considine) e da Rainha Alicent (Olivia Cooke), o Príncipe Aemond Targaryen (Ewan Mitchell) é um dos personagens mais cativantes e complexos de “House of the Dragon”. A interpretação fria e vulnerável de Ewan Mitchell mistura a ferocidade de um cavaleiro implacável com a imprevisibilidade de seu tio, Daemon (Matt Smith). O personagem passa de um menino intimidado por seus irmãos para o cavaleiro do maior dragão de Westeros, Vhagar, dedicando-se ao treinamento de combate com mais disciplina do que seu irmão mais velho, o Rei Aegon (Tom Glynn-Carney). A infância traumática de Aemond e sua mentalidade militante levam-no a derramar o primeiro sangue contra os Negros de Rhaenyra no final da primeira temporada, mas a segunda temporada da série até agora não abordou plenamente esse ato e seu impacto na identidade de Aemond: o fato de ele ser um matador de parentes.
Em Westeros, “kinslaying” é o assassinato de um membro da família por outro, um dos atos mais desonrosos. Ao matar seu sobrinho Lucerys Velaryon (Elliot Grihault) com Vhagar no final da primeira temporada, Aemond comete esse pecado, mas a segunda temporada ainda não explorou todas as implicações desse crime. No livro “Fire and Blood” de George R.R. Martin, Aemond ganha o título de Matador de Parentes, trazendo um legado de culpa e vergonha. Na série, o “kinslaying” de Aemond é quase não mencionado, ignorando o tabu do “kinslaying” e como seu assassinato de Lucerys demonstra a hipocrisia dos Verdes.
Enquanto Westeros é conhecido por guerras e massacres, mesmo seus cidadãos repudiam quem escolhe a violência contra a família. Aemond carrega um grande estigma e o custo de seu ato é se tornar um pária social amaldiçoado. Exemplos passados, como Stannis e Robb Stark em “Game of Thrones”, mostram que matadores de parentes enfrentam fins trágicos, reafirmando que são amaldiçoados. Mesmo Targaryens, como o Rei Maegor, sofrem com a violência estigmatizada. A série, porém, escolhe focar nas lutas íntimas de Aemond com sua culpa em vez do impacto social.
A reação dos Verdes ao crime de Aemond revela sua hipocrisia. Otto Hightower (Rhys Ifans) usa o assassinato de Jaehaerys para culpar Rhaenyra e incitar ódio público, apesar de protegerem Aemond, mostrando que os Verdes priorizam o poder. O episódio desta semana destaca ainda mais essa hipocrisia, com Aegon aprovando uma missão que resulta em outro “kinslaying”, manchando ainda mais a honra dos Verdes.
A série evita associar o “kinslaying” ao nome de Aemond, apesar de reconhecer a gravidade do crime. Isso ignora como o assassinato de Lucerys contradiz as tentativas dos Verdes de conquistar o favor público. Aemond, como matador de parentes, é amaldiçoado aos olhos dos Sete Reinos, enquanto as decepções dos Verdes revelam sua falsa face de justiça. À medida que a guerra se desenrola, a série ainda pode mostrar as consequências desse ato para Aemond e seus aliados.