O autor da nova trama das 7 é o responsável por atualizar a novela escrita por Silvio de Abreu e exibida em 1987, na Globo
Em 2014, Daniel Ortiz estreou na Globo como autor principal da novela Alto Astral. O sucesso da trama o credenciou a voltar à tela com uma proposta bem diferente em sua nova história, Haja Coração: uma releitura de Sassaricando, de Silvio de Abreu, exibida em 1987. “É um sonho reviver personagens como a Tancinha (Cláudia Raia) e o Apolo (Alexandre Frota)! E o que eles vivem agora é tudo novo”, conta. Aos 43 anos, o maior desafio de Daniel é emocionar e mostrar, ao lado do diretor Fred Mayrink, uma trama vibrante e solar. “A vida já está tão complicada, por isso, queremos ir contra todo o caos dos noticiários”, garante o paulista.
Como surgiu a ideia de fazer uma releitura de Sassaricando?
Eu sempre quis escrever sobre São Paulo e lembrei logo de Sassaricando, uma novela muito especial pra mim. Tenho o VHS gravado até hoje. É um sonho reviver personagens como a Tancinha e o Apolo! E o que eles vivem, agora, é tudo novo.
O que você mudou na história?
Muita coisa! Por exemplo: a Tancinha (Mariana Ximenes) está mais romântica e o Apolo (Malvino Salvador) agora é um cara bem mais responsável. Eu coloquei novos personagens e tirei alguns da versão original que eu não queria em Haja Coração, como o Guel (que era vivido por Edson Celulari). A novela também está mais moderna, já que em 1987 não tinha toda a tecnologia de hoje. Uma coisa interessante é que eu pedi emprestada a Shirley Manca (que era interpretada por Karina Barum e agora será Sabrina Petraglia), de Torre de Babel (1998), para o Silvio de Abreu. Ele achou estranha toda essa mistura, mas me deu bandeira branca.
Sassaricando era uma comédia rasgada. Você manteve essa linha em Haja Coração?
Sim, vai ter comédia, principalmente por causa da Fedora, personagem da Tatá Werneck. Ela é muito engraçada e se mete em várias confusões para ser a mulher mais seguida do mundo nas redes sociais. Mas Haja Coração também vai ter bastante do meu estilo, que é o romântico. Vou começar mostrando o amor de Tancinha e Apolo desde a infância. Vai ser algo intenso.
Que outros elementos de Sassaricando você aproveitou?
Sassaricando não é uma novela datada: é uma história de amor e comédia, que pode até mesmo ser considerada atual se assistida nos dias de hoje. Então, estou tentando trazer temas contemporâneos para a trama. A virgindade da Tancinha, por exemplo, era um assunto polêmico em 1987. Hoje, isso já não é mais tabu. Vamos falar sobre o boom das redes sociais, popularidade, entre outros assuntos.
Como foi a escolha do elenco?
Quando comecei a escrever, não tinha nenhum ator/atriz em mente. Só depois surgiu a ideia de colocar a Mariana como Tancinha, a Cleo Pires como Tamara e o Malvino como Apolo. E eles casaram muito bem com os personagens.
Quem viu Sassaricando vai estranhar muito essa releitura?
Acho que sim. No começo vai ser estranho ver a Tancinha e o Apolo vivendo novas aventuras, mas tudo é questão de costume. Quando as pessoas entenderem que Haja Coração não tem a intenção de ser uma cópia fiel, elas vão gostar.
Como é o diálogo com o Silvio de Abreu, autor original da novela?
Incrível! Ele é um grande parceiro e tem um carinho enorme pelo projeto desde o início. Silvio me deu carta branca e espero que ele se divirta com o resultado final. Assim como o público, talvez ele estranhe, afinal, são os personagens dele em outra trama.