A atriz de Tempo de Amar faz um balanço sobre religião e democracia
Em Tempo de Amar, Bete Mendes interpreta a segunda freira de sua carreira. Embora sua aproximação com a vida religiosa seja maior para interpretar as personagens, Bete não é praticante de uma crença específica. “Fui criada na igreja católica, mas sou muito sincrética. Acredito em todas as religiões, que todas seguem o caminho do bem e são positivas, o que faz bem pra gente”, afirma a atriz, que nunca esquece da declaração de uma criança entrevistada por Marília Gabriela sobre a existência de Deus: “Deus é o bem que a gente tem dentro da gente”, reproduz a intérprete da irmã Imaculada, a amarga freira da trama de Alcides Nogueira. Mas a rigidez da atriz fica apenas no set, já que, na vida real, a paulista é equilibrada. “Todos nós somos uma multiplicação de coisas. Há situações em que sou leve, em outras, sou séria. Me sinto muito feliz com a vida, com o trabalho e os amigos”, afirma a grande atriz. Ela comemora a participação em mais uma novela das 6. A última trama foi Flor do Caribe (2013) , como Olívia e, recentemente, Bete completou 40 anos de Sinhazinha Flô (1977), trama de Lafayette Galvão, que ela protagonizou.
Na pele da Sinhazinha Flô, na novela homônima, que completou 40 anos. Crédito: Acervo/ Globo
vida sempre ativa
Aos 68 anos, Bete nunca perdeu as suas inspirações na vida. Isso também se reflete na carreira da atriz, dona de currículo invejável, que não sentiu o tempo passar. “Às vezes, fico assustada com a minha idade, e feliz com a minha atividade. Minha vida inteira foi muito ativa, não parava pra nada, então, não percebi que o tempo passou”, revela Bete, que afirma que o corpo sentiu o peso da idade. “Claro que a gente percebe as dificuldades que a idade traz. Não tenho mais a velocidade de antes, nem o físico tão ágil. Mas levo a minha idade numa boa”, revela a taurina. Na vida pessoal, a atriz também não tem do que se queixar. Ela é casada há 20 anos com Marco Antonio, que não é do meio artístico. Muito discreta com a família, Bete revela o segredo de seu êxito na vida pessoal. “Eu e meu marido vivemos muito bem há 20 anos. A minha vida é muito particular, sou reservada. A gente acaba muito exposta. Foi uma escolha que fiz e me agrada ser assim. Mas, para a vida familiar, prefiro a privacidade mesmo”, avisa a atriz, que não teve filhos.
Na luta por igualdade
Símbolo artístico contra a ditadura nos anos 1960 e 1970, chegando a ser presa, até hoje Bete luta a favor da democracia e sonha em ver um Brasil igualitário. A atriz acredita que a educação é a ferramenta para a mudança do país. “Fico triste com tudo o que está acontecendo atualmente no Brasil. Essa parte me deixa arrasada. A educação é imprescindível para o crescimento do país. Eu acho que a melhor coisa que existe é a democracia e a luta de uma maneira organizada, pra protestar e reagir”, afirma.
A atriz defende as redes sociais como uma ótima ferramenta para a organização de ideias. “Atualmente, temos muitos instrumentos para manifestar. Eu não consigo ficar quieta. Estou sempre me movimentando. Eu desejo do fundo do meu coração que a gente saia desse buraco antes que se acabe tudo”, comenta. Falando em novas tecnologias, Bete teve que aprender a usar as redes sociais por necessidade. “Confesso que era ‘pré-pré-jurássica’ nesse sentido. Mas, por necessidade mesmo, acabo usando as tecnologias, como Whatsapp, Facebook e e-mail. Agora, estou usando direto. Aliás, é um vício danado. Eu já acordo e já ligo o ‘bichinho’ pra ver as notícias”, confessa a atriz.