Em quase 70 anos de carreira e 40 trabalhos na telinha, a atriz está melhor do que nunca
A paixão pela arte é o combustível que a atriz usa para se entregar de corpo e alma a tudo o que faz. Não é à toa que a nossa grande dama do teatro e da TV, Fernanda Montenegro. é ganhadora de inúmeros prêmios, reconhecidos internacionalmente como o Urso de Prata, no Festival de Berlim, em 1998, por Central do Brasil, e o Emmy Award, em 2013, pela personagem Dona Picucha do seriado Doce de Mãe. Prova de sua versatilidade e vitalidade é a participação especial da diva em um episódio do seriado Mister Brau. Ao lado de Lázaro Ramos e Taís Araújo, Fernanda vive Rosita, que vai atrás de seu filho, o mordomo Gomes (Kiko Mascarenhas), em busca de dinheiro, depois que perdeu tudo em uma jogatina. Mas quem pensa que a mãe é igual ao herdeiro, se engana! Rosita é desprovida de caretice e requinte, para o desespero de Gomes. Para a gravação do episódio, a atriz carioca gerou grande expectativa entre os atores e equipe técnica da série. Taís Araújo não poupa elogios ao contracenar com Fernanda pela primeira vez. “A gente (ela e Lázaro) tem uma vida social com ela bastante intensa, mas eu nunca tinha contracenado com ela. Meu coração ficou disparado e demorou a cair a ficha. Que honra! Fiquei emocionada”, conta a intérprete da Michele.
Confira a entrevista que a estrela concedeu à MINHA NOVELA no dia da gravação do episódio, que ainda não tem uma data definida para ir ao ar.
Taís Araújo confessou que contracenar com a senhora foi uma enorme emoção.
É um carinho muito grande diante de uma atriz como eu, que tenho quase 70 anos nessa brincadeira. Agradeço muito o carinho da Taís.
Como foi sua participação?
Tenho uma participação grande no episódio. Agradeço ao Jorge Furtado (autor) pelo convite. Ele já me deu a Dona Picucha, que foi um presente. Agora, em Mister Brau, ele me arrumou uma personagem deliciosa, com um material para a gente trabalhar com alegria, ainda mais com um elenco de ouro como esse. Estou em casa com meus amigos. Fiz com o Lázaro a série Pastores da Noite (2002). Eu o conheci em Salvador fazendo teatro ainda.
Fica feliz em participar de uma série protagonizada por negros?
A gente está vencendo, devagar, o preconceito. Eu venho de uma novela, como Babilônia (2015), que tinha 2/3 de seu elenco de atores negros. Nenhum deles servindo mesa pra ninguém. Babilônia é uma novela histórica, nesse sentido. A heróina era negra, corajosa. Tinha uma advogada da comunidade que estudou e seguiu trabalhando (Paula/ Sheron Menezzes). Ninguém falou sobre isso. Babilônia teve o mérito de querer avançar dentro desse processo tão preconceituado que existe na dramaturgia.
Iria num show do Mister Brau?
Com certeza. Meu filho (Cláudio Torres) é profundamente ligado à música, principalmente ao rock. Na adolescência, ele vivenciou muito. A música sempre esteve presente lá em casa. E o axé, como o gênero parecido com o Brau, não é uma batida estranha, pelo contrário. Eu iria ao show do Mister Brau sim.
Como a senhora vê o atual cenário político do Brasil?
Cada um de nós tem direito de protestar, recusar, invadir e assumir os espaços culturais e educacionais do País se não estamos satisfeitos. Cada um tem o direito de manifestar dentro de sua visão existencial, política e ideológica.
O atual governo tentou extinguir o Ministério da Cultura…
Foi uma tragédia. O presidente interino (Michel Temer) tem que pagar um preço alto por causa da sua pouca visão. Ainda mais com uma instituição dotada de um orçamento miserável, que é o Ministério. É preciso entender que a cultura é a base de um país.