Diego Esteves, jornalista e filho do apresentador Marcelo Rezende (1951-2017), decidiu abrir o jogo sobre a morte de seu pai: em um comentário feito durante o programa A La Tarde, transmitido pelo canal argentino América TV, ele afirmou que o antigo titular do Cidade Alerta teve que se internar no Hospital Moriah, que pertence ao bispo Edir Macedo, contra a sua vontade pouco antes de morrer. A internação, segundo Esteves, foi um pretexto para que líderes da Igreja Universal do Reino de Deus tentassem fazer com que Rezende deixasse toda a sua herança para a instituição. A IURD nega e diz que processará o herdeiro do comunicador — leia no final deste texto.
“O meu velho estava morrendo. Ele foi internado, mas não queria se internar. Ele acreditava em terapias alternativas, e estava em seu direito de morrer como caralho quisesse. Mas o levaram para o hospital… é um hospital que fica em São Paulo, um dos melhores do mundo, se chama Moriah. Foi construído pelo mesmo dono da Igreja Universal do Reino de Deus”, começou ele, que depois revelou ter sido surpreendido com o pedido de uma funcionária que acompanhou Marcelo Rezende durante toda a sua vida.
Segundo Esteves, a funcionária em questão pediu para que ele tirasse o seu pai do hospital controlado pela Universal. “Um dia, uma empregada que o acompanhou a vida inteira olhou para mim e me disse: ‘Diego, por favor, tire o seu pai daqui’. Eu perguntei o motivo”, afirmou o jornalista. “Ela me disse: ‘acabaram de chegar dois bispos da igreja, autoridades máximas de lá, para o seu pai e estão perguntando, com ele moribundo, se ele vai doar tudo ou não. Se ele iria ou não doar tudo para a igreja’, e que estariam pressionando para que ele aceitasse”, prosseguiu ele, indignado.
“Essa pressão durou 15 minutos. Obviamente, o meu pai nunca disse que sim porque morreu no dia seguinte”, concluiu o filho do comunicador, claramente emocionado. Marcelo Rezende morreu em 16 de setembro de 2017, pouco mais de quatro meses depois de dizer durante o Domingo Espetacular — também exibido pela Record — que estava lutando contra um câncer de pâncreas. No início, o jornalista optou por se submeter a sessões de quimioterapia, mas rapidamente recuou e optou por tratamentos diferenciados, se isolando em um retiro espiritual.
Ele permaneceu em tratamento alternativo até o dia 12 de setembro, quando foi levado ao Hospital Moriah com um quadro de pneumonia. Nos quatro dias que antecederam a sua morte, várias notícias sobre o seu quadro de saúde vazaram em veículos de imprensa: o seu óbito chegou a ser anunciado antes de realmente ter acontecido por diversas afiliadas da Record, motivadas por um áudio da Coordenação de Rede pedindo para que todas as emissoras da rede ficassem atentas a um eventual Plantão do Jornalismo.
A reportagem do TV Pop entrou em contato com a assessoria de imprensa da Igreja Universal do Reino de Deus e questionou se a instituição gostaria de se manifestar sobre as acusações feitas por Diego Esteves. O departamento não respondeu até a publicação deste texto — o espaço permanece aberto para um eventual posicionamento. No entanto, vale salientar que a Universal está ciente das declarações feitas pelo herdeiro de Marcelo Rezende. Na tarde desta quarta-feira (24), a América leu um editorial se isentando da responsabilidade das falas feitas pelo seu contratado.
“No dia 18 de agosto, entre os diversos temas abordados em A La Tarde, mencionamos a Igreja Universal do Reino de Deus e seus líderes doutrinários. A Igreja Universal do Reino de Deus é uma instituição que cumpre com os requisitos legais e que tem o reconhecimento de entidade religiosa do Estado argentino. A América TV, por meio deste, esclarece que as opiniões emitidas durante nossos programas não representam as opiniões da Jotax Produções e da América TV. No caso de termos gerado problemas para a dita instituição e seus líderes, tal qual para os fiéis, deixamos as nossas mais sinceras desculpas”, afirmou o canal, em nota lida no mesmo programa em que Esteves acusou a Universal de ter roubado a herança de seu pai.