O ator Rubens Caribé morreu neste domingo, 5, aos 56 anos de idade. Ele sofreu uma parada cardíaca ao realizar um procedimento cirúrgico. Nos últimos tempos, lutava contra um câncer na língua. O velório acontece nesta manhã no Teatro Popular João Caetano, em São Paulo.
Recentemente, Caribé esteve no elenco de Cidade Invisível, série da Netflix que faz uma releitura sobre o folclore brasileiro, interpretando Afonso, dono de uma construtora. Ele também estrela Cano Serrado, filme que vem sendo exibido em festivais como o do Rio e o de Havana desde 2018, mas ainda não estreou em circuito comercial.
Em seu blog no Estadão, o crítico Rodrigo Fonseca elogiou a atuação de Rubens Caribé, que, “devastadora, abrilhanta o longa”. “Tem algo de inusitado na composição da asquerosa, porém magnética figura do Sargento Sebastião que parece não pertencer ao léxico habitual do cinema brasileiro. Há um tempo de distensão de espera nas falas, uma sensação quase brechtiana de distanciamento em seu olhar, um ar de fragilidade à moda Iago (de Othelo), disfarçado de velhacaria. É algo que havia na composição do Corisco de Othon Bastos, um filho de Brecht, e na guerrilheira encarnada por Dina Sfat em Macunaíma – paramos por aí. Caribé não afirma, ele sugere, insinua.”
Nos anos 1990, esteve em produções da Globo como Fera Ferida (1993) e Anos Rebeldes (1992), além da novela Sangue do Meu Sangue (1995), do SBT.
Em entrevista ao Estadão, em julho de 1993, falava sobre como se deu sua transição dos palcos à TV. “Rolou um teste para a minissérie Anos Rebeldes e me chamaram do Rio. Foi na época em que eu estava no Grupo Ornitorrinco. Tínhamos acabado de estrear em Curitiba e eu não queria largar a companhia.”
“Aí o Gilberto [Braga, autor], que estava no meu teste junto com o Denis Carvalho, falou que ia escrever um papel menor pra mim, porque queria que eu participasse. Acho que ele gostou dessa minha vibração meio tensa. Sou ansioso. Ele queria isso na minissérie. O Marcelo [seu personagem na trama] era um guerrilheiro e a situação histórica era tensa.”
O ator também fez diversos trabalhos no teatro, em especial com o Grupo Ornitorrinco, do qual fez parte. Entre as peças, O Doente Imaginário (1989), Sonho de Uma Noite de Verão (1991) e O Melhor do Homem (1995), Pedras nos Bolsos (2006), A Megera Domada (2008), Fim de Partida (2016) e Ricardo III ou Cenas da Vida de Meierhold (2019).